Fernanda Hahn

Patanjali, o sábio autor dos Yoga Sutras, descreveu os oito passos do yoga como os galhos de uma árvore, cada um levando à união e ao autoconhecimento. Esses passos são:

• Yama – Ética e disciplina
• Niyama – Auto-observação
• Asana – Postura
• Pranayama – Controle da respiração
• Pratyahara – Retirada dos sentidos
• Dharana – Concentração
• Dhyana – Meditação
• Samadhi – Estado de alegria e paz

Patanjali usou a metáfora da árvore para ilustrar o crescimento espiritual e a sabedoria no caminho do yoga. Assim como uma árvore cresce de forma constante e gradual, nosso desenvolvimento espiritual também ocorre aos poucos. O vasto mundo do yoga, com seus diversos estilos e abordagens, pode ser comparado a uma floresta rica em variedade e cor. Cada árvore, assim como cada prática de yoga, busca alcançar a luz, o conhecimento e a iluminação. Não existe um método melhor ou pior; cada caminho é único e nos guia ao nosso maior potencial.

O sistema de yoga descrito aqui segue os ensinamentos de K. Pattabhi Jois, fundador do Ashtanga Yoga Research Institute em Mysore, Índia. Este método dinâmico foi transmitido a Pattabhi Jois por seu professor, Krishnamacharya, e é hoje praticado por milhares de estudantes ao redor do mundo. A abordagem do Ashtanga Yoga é baseada em uma sequência especializada de posturas e técnicas de respiração focadas.

Quando praticamos com regularidade e consciência, a árvore do yoga, como descrita por Patanjali, começa a florescer. A prática diária é o solo fértil que nutre essa árvore. K. Pattabhi Jois costumava dizer: “99% prática e 1% teoria.” Aprendi a valorizar a profundidade dessa simples declaração. Somente através da prática podemos realmente saborear os frutos do yoga. Sem essa vivência, ficamos apenas na especulação. Se alguém deseja conhecer o sabor de uma maçã, não adianta apenas observá-la ou desenhá-la; é preciso morder a fruta para experimentar sua essência e absorver seus nutrientes.

Da mesma forma, o Ashtanga Yoga só pode ser verdadeiramente compreendido através da prática. À medida que regulamos nossa prática, os oito membros do yoga começam a se nutrir e crescer. Passamos a nos conscientizar do que colocamos em nossos corpos e de como interagimos com o mundo ao nosso redor. Com essa introspecção, as qualidades de Yama e Niyama se desenvolvem. Asanas e Pranayama se aprofundam à medida que cultivamos a concentração na respiração, o que naturalmente leva ao Pratyahara, o desligamento dos sentidos externos. À medida que aperfeiçoamos o controle dos sentidos, desenvolvemos Dharana, a concentração, e a prática se torna uma experiência meditativa, o Dhyana. Esse caminho nos abre a possibilidade de explorar os reinos mais elevados do yoga, conhecidos como Samadhi, onde percebemos a essência pura de tudo que existe.

O desenvolvimento desses oito membros não ocorre de forma linear; eles florescem no tempo certo. Assim como uma árvore não pode ser apressada em seu crescimento, nossa compreensão das profundezas do yoga amadurece com o tempo. A paciência é uma ferramenta valiosa para nos guiar na jornada do Ashtanga Yoga. Essa prática abrange todas as facetas da vida, podendo ser usada tanto para manter a boa forma física quanto para explorar os aspectos mais sutis da espiritualidade.

Qualquer que seja o seu objetivo, há apenas um caminho para colher os benefícios do Ashtanga Yoga: PRATICAR!